Tradições: mantêm-se ou reinventam-se?

Portugal é um país cheio de tradições, especialmente no que toca à música e aos grandes nomes a ela associados. 

Portugal é fado. É por aqui que começamos. O nosso fado, considerado em 2011 Património da Humanidade, pela UNESCO, retrata o saudosismo e o patriotismo de uma nação repleta de vivências, conquistas e descobertas.

Portugal é também as várias regiões e os seus costumes. Existem vários estilos de música tradicional de norte a sul do país, passando pelas ilhas. O cante alentejano, as filarmónicas, as orquestras típicas e as tunas académicas representam formas de identidade e expressão cultural.  Apesar de antigas, continuam a ter um público que as procura e admira.

Nos meios locais, onde predominam as tradições, a música popular tem um papel importante na medida em que se revê como o símbolo de uma comunidade, sendo que muitas letras fazem referência ao trabalho pesado do campo e enaltecem as suas “gentes”.

Contudo, as tradições reinventaram-se. O passado renovou-se e o presente deu lugar a novas criações inspiradas nos feitos musicais anteriores. Ainda que tal tenha acontecido, há algumas que permanecem, passe o tempo que passar.

Conheces a “Morena” dos Aurora? São um grupo de jovens que apreciam o cante alentejano e que o recriaram de uma forma mais atual e comercial, para que desta forma atinja públicos mais juvenis e não se perca no tempo. E já reparaste que os “Diabo na Cruz” combinam rock n’roll com a música tradicional portuguesa? A verdade é que, ainda que à primeira vista nos pareça que o seu público alvo possa ser mais velho, a banda tem fãs de todas as idades. 

Há ainda o exemplo de músicos como Sérgio Godinho e Fernando Tordo que continuam a produzir música de cariz tradicional e a ter sucesso, apesar das suas diferenças geracionais. E, claro, o nosso amigo pimba. Quem não gosta de dar um passinho de dança no bailarico da aldeia? O estilo pimba, com duplo significado, marca também a história e a vida de todos os portugueses e é transversal a todas as idades. Põe miúdos e graúdos a dançar e as suas letras dificilmente são esquecidas. 

É a tradição que promove a continuidade e a forma da vida. Ainda que adaptada, não deixa de existir, mesmo que tudo mude, mesmo que a história evolua e os gostos se alterem. São as tradições que distinguem regiões e países e é a música, que em parte, faz de nós aquilo que somos. 

Beatriz Duarte, Catarina Cascabulho, Inês Ferreira & Inês Mestre